domingo, 18 de abril de 2010


Foto tirada na década de 40.


Foto do Jerônymo na década de 60 .


sábado, 17 de abril de 2010

Esse é o último lançamento, está nas bancas...
Um conto super interessante !






Verso do Livro o "O Ouro de Manoa".



Presenteado por minha tia Therê Monteiro , que seguiu os

passos de meu avô e foi uma pessoa muito especial!



Na literatura infantil...


Folha Ilustrada de 02/01/1999, página especial dedicada ao pioneiro da ficção científica no Brasil!




Um presente ao primeiro bisneto, Renato, o livro "Bumba o boneco que quis virar gente"!



Aqui temos uma dedicatória no livro "A Cidade Perdida"feita em 1967, para as netas, Claudia e Cristina !




Podemos ver um artigo publicado em 07/05/1989, no Shopping News - City News - Jornal da Semana um artigo de Geraldo Galvão Ferraz sobre a Amazônia citando as obras "Tres Meses no Século 81 "e "Fuga para Parte Alguma", Monteiro imaginou um ano 8.000 de "lascar".

Vale a pena conferir.




Observando o avô a escrever mais um de seus contos... Mongaguá, em 1968 no colinho da Carmem.


Jerônymo Monteiro - 1908-1970

sábado, 3 de abril de 2010

































Dick Peter

A Febre Verde (Ronnie Wells = Jeronymo Monteiro)
Miguel Carqueija – 22/04/2008
AVENTURAS DE DICK PETER no. 2 (mistério – ficção científica)Edições “O Livreiro” Ltda., segunda edição (Rua Carneiro Leão 267 – S.Paulo – SP)
O segundo volume da coleção de Dick Peter já apresenta elementos próximos da ficção científica. O detetive amador (que na verdade é um engenheiro) cujo lema é 'Veja as coisas com seus próprios olhos' retorna de uma viagem de negócios ao Alasca e descobre que Nova Iorque encontra-se mergulhada na paranóia, com centenas de pessoas morrendo de um mal misterioso, cognominado 'A febre verde' por causa da coloração que se espalhava nas vítimas após a deflagração da febre.
Personagem que foi, também, levado aos quadrinhos na década de 40, Dick Peter é o típico detetive amador que encontra apoio na corporação policial – notadamente o mal-humorado chefe de polícia Morris e o Sargento Cross. A competência de Peter contrasta com todo mundo, pois ninguém senão ele percebe que a epidemia é provocada, criminosa.
Desde já parece difícil de engolir a situação passada por Ronnie Wells: 'As reuniões continuavam se sucedendo na Academia de Medicina em todos os institutos científicos do país.' Não obstante ninguém descobre a causa da moléstia. Ninguém atina com uma única pista.
Pelo que eu notei o que falta mesmo é um embasamento científico, pois o autor não tenta explicar, mesmo superficialmente, o que é que os cientistas faziam ao certo para identificar a enfermidade e porque não o conseguiam. Afinal, a explicação dada no desfecho nada tem de sobrenatural. Quanto à causa criminosa da febre verde, é bastante inconvincente pois o vilão é exageradamente caricatural. Assim mesmo o livro é interessante e divertido". (http://www.scarium.info/2009/resenhas/a-febre-verde-ronnie-wells-jeronymo-monteiro/)
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NO ANO PASSADO (2009): CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE JERONYMO MONTEIRO

A Cidade Perdida - Jeronymo Monteiro - eBooksBrasil
Jeronymo Monteiro
"Antes que qualquer relógio marque o último segundo adicional de 2008, assinalemos duas datas que não poderiam passar em brancas nuvens: os 100 anos de nascimento de Jeronymo Monteiro e os 60 da primeira edição de A Cidade Perdida, volume 70 da Coleção Terramarear.
Para os apreciadores de ficção científica, Jeronymo Monteiro é nome que dispensa apresentações. Para os que não o são, basta dizer que se trata do mais importante escritor do gênero no Brasil. Tão importante que, na década de 1990, a Isaac Asimov Magazine (edição brasileira da Asimov’s Science Fiction) criou um 'Prêmio Jerônymo Monteiro' em homenagem ao escritor. É, simplesmente, considerado como o pai da ficção científica brasileira. (...)".
(http://ebooksbrasil.org/nacionais/index.html)

Memória HQ

8jul
posted by Goncalo Junior filed under MEMÓRIA HQ
Se você respondeu que é o pai da literatura de ficção científica no Brasil, acertou na mosca. Mas ele fez outras atividades bem importantes no mundo cultural paulistano entre as décadas de 1930 e 1960. Principalmente no rádio. O que pouco se diz é que Jerônymo teve uma passagem importante ligada aos quadrinhos brasileiros.
Nascido em 1909, há exatos cem anos, portanto, foi ele o primeiro editor da Editora Abril, fundada por Victor Civita (1907-1990) em dezembro de 1949 – embora a primeira revista, Raio Vermelho, que também editou, só chegasse às bancas em maio do ano seguinte. Caberia a ele cuidar daquela que seria oficialmente a publicação que iniciou a bem sucedida trajetória da Abril, a revistinha O Pato Donald – além de primeiro diretor da publicação, ocupava as funções de tradutor, redator e secretário.
Como conto no meu livro O Homem-Abril, publicado pela Opera Graphica em 2005, o próprio Jerônymo indicou Cláudio de Souza para substituí-lo na editora de Civita, em 1951. O jovem era, então, estudante de Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), além de acumular uma breve carreira no rádio e no suplemento A Gazeta Juvenil – , suplemento pioneiro dos quadrinhos em São Paulo.
Seu padrinho ocupava a posição de um dos mais respeitados criadores do rádio e da ficção científica em São Paulo. Como radialista, tornou-se um dos precursores das radionovelas na América Latina, ao lançar, na antiga Rádio Tupi, o seriado radiofônico “As aventura de Dick Peter”, patrocinado pelo Café Jardim, a partir de 1937. Fez tanto sucesso, que Monteiro lançou 15 livros com suas histórias e levou-o aos quadrinhos pela Editora La Selva a partir de agosto de 1952, com roteiro de Syllas Roberg e capa e desenhos de Jayme Cortez.
Cláudio se lembraria do amigo como um autodidata de grande cultura, que tinha “espetacular imaginação e enorme capacidade de trabalho”. Como um dos primeiros autores brasileiros de literatura policial, Jerônymo Monteiro adotou o pseudônimo americano de “Ronnie Wells” – com a justificativa de que não seria levado a sério se usasse o próprio nome, bem brasileiro, uma vez que os leitores estavam acostumados a autores estrangeiros.
Outro pioneirismo seu foi como autor de science-fiction – na época, a denominação usada no país era mesmo em inglês. Seria depois celebrado como o pai do gênero no Brasil. Seu livro “Três Meses no Século 81” se tornaria um clássico. Outro sucesso, Os visitantes do espaço, fez parte da coleção Ciencifcção, da editora Edart. “Os discos voadores traziam estranhas criaturas – poderosas e inteligentes – que vinham de Io, o segundo satélite de Júpiter”, anunciava a edição. Jerônymo escreveu também livros com histórias de aventuras – “A Cidade Perdida” e “O Irmão do Diabo” foram alguns.
No relação profissional, Cláudio de Souza o definiu ainda como um homem simples e generoso, que jamais deixou de ajudar os amigos. “Lembro-me dele como alguém muito leal e grande companheiro”. E foi durante um encontro dos dois nos estúdios da antiga Rádio Excelsior que ele soube por Jerônymo da Abril pela primeira vez, quase um ano antes de se tornar empregado de Civita. A emissora – que depois se tornaria Rádio Nacional de São Paulo – funcionava num prédio da rua 24 de maio, centro da cidade.
Jerônymo lhe falou da editora em junho de 1950, quando o Brasil tentava ganhar sua primeira Copa do Mundo de futebol – a competição começava a ser disputada no recém-inaugurado estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Cláudio trabalhava com ele desde o início do ano, quando este dirigia o tablóide Gazeta Juvenil, do jornal A Gazeta. Logo depois, Jerônymo passou a ocupar a direção da Excelsior. A amizade continuou e eles sempre se encontravam.
Um dia, contou a Cláudio que estava editando uma certa revistinha em quadrinhos chamada O Pato Donald para um empresário americano, que iria para as bancas em poucos dias. Quando lhe revelou a boa nova, um extasiado editor apresentou ao colega as provas impressas da revista. “Naquele dia, ele me mostrou, com grande orgulho, a primeira folha de impressão do número 1 do ‘Pato’. Literalmente, vi o bicho sair da casca”.
A prova que Cláudio viu era o caderno externo, em cores, inicialmente impresso na Gráfica “Lanzara”, considerada a melhor impressora em off-set da capital paulista. O resto da revista seria rodado nos dias seguintes, na Gráfica e Editora Revista dos Tribunais, com uma só cor. “Parecia que eu estava vendo o ‘Pato’ sair do ovo”, repetiu Cláudio. “Fiquei emocionado. Acho que Jerônymo percebeu o brilho dos meus olhos. Tanto assim que, muitos meses depois, ele me telefonou dizendo que um senhor chamado Victor Civita queria me conhecer”.
O amigo lhe disse que o empresário precisava de um jovem jornalista que, de preferência, cursasse direito – o que era muito comum, pois durante décadas, como não havia curso de jornalismo, as faculdades de direito eram o primeiro passo para os interessados em trabalhar em jornal. Assim, além de ajudar nas edições das revistas, Cláudio cuidaria do livro de registro dos empregados. Ao fazer o convite, alertou o amigo que o dono da editora gostava de pontualidade e, portanto, deveria chegar cedo ao encontro. O rapaz conseguiu a vaga e foi importante para construir a história da editora nos vinte e cinco anos seguintes.
Jerônymo Monteiro morreu em 1970. Nessas quatro décadas, seu nome tem sido carinhosamente preservado entre aqueles que cultuam a ficção científica no Brasil. É tempo, portanto, de lembrar dele como alguém que ajudou a fazer a história dos quadrinhos no Brasil.





A Cidade Perdida...

Jeronymo Monteiro
Jeronimo Monteiro (1908 - 1970), paulista, é conhecido como o pai da ficção científica brasileira. Jeronimo (ou Jeronymo), começou a ficar conhecido através de seu romance policial, 'O colecionador de mãos' (nos anos 30), assinando com o pseudônimo Ronnie Wells. A partir daí se iniciaria uma série de livros de ação (com pitadas de FC), com as aventuras do investigador Dick Peter em Nova Iorque, e que o levaria posteriormente a ganhar um programa na Rádio Difusora, em 1937. A ótima repercussão de suas rádio-novelas, logo lhe presenteariam com a direção e produção de programas semelhantes, nas rádios Cosmo e América.A partir de 1947, Monteiro publicou uma série de romances de FC e editou uma antologia: “O Conto Fantástico”, Civilização Brasileira, 1959.Homem de muitos talentos, Jerônimo foi o primeiro editor da revista O Pato Donald (Editora Abril). Traduzia os quadrinhos de Walt Disney, inventando nomes de personagens que ficaram famosos, como Tio Patinhas e Huguinho, Zezinho e Luizinho, entre outros.Em 1964 fundou a Sociedade Brasileira de Ficção Científica, que reunia escritores como André Carneiro e Rubens Teixeira Scavone. No início da década de 1970, tornou-se editor do Magazine de Ficção Científica, edição brasileira do The Magazine of Fantasy and Science Fiction.Através de sua coluna no jornal Tribuna de Santos, Monteiro divulgava o gênero, e talvez esta tenha sido sua contribuição mais importante para a FC nacional, sua luta incessante pela 'profissionalização' da FC e pelo distanciamento dos modelos importados do estrangeiro.
Quando publicou 'A Cidade Perdida', em 1948, Monteiro não era um novato, nem nas letras, nem no gênero literário que o consagrou. No volume constam, como “obras do mesmo autor”: o País das Fadas [1930 - Cia. Melhoramentos de São Paulo], O Irmão do Diabo (narrativa da aventura de Walter Baron) [1937 - Cia. Editora Nacional], O Homem da Perna-Só [1943 - Anchieta Editora], O Tesouro do Perneta [1943 -Anchieta Editora], A Ilha do Mistério [1943 - Anchieta Editora], Os azi na Ilha do Mistério [1943 - Anchieta Editora], O Palácio Subterrâneo nas Antilhas [1943 -Anchieta Editora] e 3 Meses no Século 81 [1947 - Livraria do Globo].(...)Marco A. M. Bourguignon, em Um Pequeno Resgate da História da Ficção Científica Brasileira [www.scarium.com.br/artigos/hfc.html], registra: “Foi com o paulista Jeronymo Monteiro (1908-1970) que a “ficção científica brasileira” passou a existir como universo literário à parte da literatura, criando regras e métodos próprios, além de formar um público específico. Em 1947, Monteiro publicou, “Três Meses no Século 81” e, em 1948, “A Cidade Perdida”. Antes disso, até o final da década de 30, não existia no Brasil um movimento literário em prol da ficção científica, envolvendo escritores e leitores. Antes havia surgido alguns textos casuais de autores da literatura, como: Gastão Cruls, Menotti del Picchia, Érico Veríssimo, Adazira Bittencourt e Monteiro Lobato. Mas ainda não havia uma tradição literária em ficção científica. Eram apenas ambientados em universos remotos habitados por seres fantásticos além, é claro, de ambientes utópicos e de aventuras.”Seu último trabalho, publicado na época do AI-5, seria uma coletânea de contos de FC sob o sugestivo título de 'Tangentes da realidade'.Na década de 90, foi criado em sua homenagem, o Prêmio Jeronymo Monteiro, pela edição brasileira da revista Asimov's Science Fiction.
Jeronymo Monteiro: o Pai da Ficção Científica Brasileira
By Bira Câmara A ficção científica no Brasil teve muitos precursores de peso que ajudaram a fundar as bases para a edificação do gênero tupiniquim, mas é na década de 1940 que surgiria o primeiro escritor brasileiro de ficção científica de fato. Cláudio Tsuyoshi Suenaga *, especial para o Jornal do Bibliófilo
De acordo com o escritor, compositor e pesquisador de literatura fantástica Bráulio Tavares, compilador da primeira bibliografia do gênero no Brasil, o Fantastic, Fantasy and Science Fiction Literature Catalog (Fundação Biblioteca Nacional, RJ, 1992), “foi com Jeronymo Monteiro que começou a existir no Brasil uma ficção científica nos moldes dos EUA. Com ele, a FC brasileira desligou-se do mainstream, ou literatura propriamente dita, e passou a existir como universo literário à parte, obedecendo a regras próprias e dialogando com um público especializado”.Jeronymo começou a ficar conhecido nos anos 30, depois da publicação do seu romance policial pioneiro O colecionador de mãos (1933). O detetive Dick Peter, criado por ele, protagonizaria outras aventuras reunidas mais tarde nos dez volumes da coleção Aventuras de Dick Peter (1950). Em 1937, Monteiro foi convidado a fazer uma série radiofônica com o personagem na rádio Excelsior. Suas novelas fizeram sucesso, transportando os atônitos ouvintes ao planeta Marte em aventuras à moda de Flash Gordon. O êxito como radialista o levaria a diretor de programação e a produtor de programas da Rádio Cosmo e da Rádio América.Enveredou inicialmente pelo campo infanto-juvenil, filão que soube tão bem explorar em obras como No país das fadas, O irmão do Diabo – narrativa de Walter Baron, O homem da perna só, A cidade perdida, Viagem ao país do sonho, Corumi, o menino selvagem, O palácio subterrâneo das Antilhas, A ilha do mistério, Os nazis na ilha do mistério, entre outras.Em A cidade perdida especula sobre uma eventual civilização antiga na região do alto Xingu, retomando o tema e a linha de O irmão do Diabo, (1932), relançado em 73 pelo Clube do Livro com o título de O ouro de Manoa. Esta obra é claramente inspirada nos ingleses Conan Doyle (1859-1930) – não o de Sherlock Holmes, que serviria de modelo para Dick Peter, mas o de O mundo perdido –, H. Rider Haggard (1856-1925), e principalmente Fawcett, o coronel aventureiro desaparecido nas selvas do Mato Grosso em 1925 quando procurava por uma cidade perdida – a própria Atlântida ou o Eldorado.Curiosamente, apesar de recheado de grandes doses de inventividade e fantasia, A cidade perdida acabou dando uma contribuição legítima à arqueologia e chegou até a servir de referência para muitos pesquisadores. Renato Castelo Branco, por exemplo, cita-o na bibliografia de seu Pré-história brasileira: fatos e lendas (Quatro Artes Ed., SP, 1971), dedicado à memória de… Jeronymo Monteiro.Em 1947, Monteiro lançaria Três meses no século 81 (Livraria do Globo Editora), no qual uma junta de médiuns reunida pelo jornalista Campos, na capital paulista, torna possível a este empreender uma viagem psíquica-espiritual ao futuro. Campos desperta no corpo de Loi, um humano do século 81. Lá, assiste à invasão e colonização de Marte e descobre que o governo extirpa dos bebês a glândula responsável pelo amor. Revoltado, é cooptado pela resistência para liderar a rebelião e tem apenas três meses para mudar as coisas.Em 1961, pelas Edições GRD (do editor Gumercindo Rocha Dorea), lança Fuga para parte alguma, volume VIII da Antologia Brasileira de Ficção Científica, que marcou a evolução do gênero no país ao reunir pela primeira vez autores brasileiros consagrados como Antonio Olinto, Dinah Silveira de Queiroz, Fausto Cunha, Jeronymo Monteiro, Lúcia Benedetti e Rubens T. Scavone, e estreantes como Clóvis Garcia, André Carneiro e Zora Selja. Fuga para parte alguma desenvolve uma velha idéia usada mais tarde em diversos filmes B: formigas gigantes que se multiplicam de forma incontrolável avançando sobre cidades e matando pessoas. Wells já havia escrito um conto versando sobre uma invasão das formigas que se inicia na Amazônia. Os visitantes do espaço, de 1963, está para a ufologia tanto quanto A cidade perdida está para a arqueologia. Discos voadores prateados (por fora) e transparentes (por dentro) vindos de Io, o segundo satélite de Júpiter, pousam em Goiás, na fronteira de Mato Grosso. Deles desembarcam repugnantes animais reluzentes em forma de rabanetes repletos de tentáculos, sem olhos, sem boca e sem nariz, que visam somente retirar de nossa atmosfera um pouco de hidrogênio, elemento vital à sua sobrevivência. Os terráqueos reagem, desencadeando uma batalha interplanetária da qual saem fragorosamente derrotados. Nesta novela, Ganimedes e Calixto também eram habitados e juntos formavam uma comunidade que vivia em grande harmonia e prosperidade. Em 1997, a sonda espacial Galileu confirmou o acerto das previsões de Monteiro ao apontar as luas de Júpiter como os locais mais prováveis da existência de vida no Sistema Solar. A sonda detectou nas duas maiores luas, Ganimedes e Calixto, material orgânico composto por carbono, o mesmo em que se baseia a vida na Terra. Também foi detectado a presença de atmosfera e de oceanos sob dezenas de quilômetros de gelo em Calixto, Ganimedes e Europa.De cunho mais teratológico e nos moldes da literatura gótica de horror é O elo perdido, de 1965, sobre um fenômeno de mutação de um bebê monstro animalizado e grotesco, com cauda e fisionomia semelhante a do pitecantropo.A última obra, publicada em 1969, um ano após a decretação do AI-5, seria uma coletânea de contos de ficção científica sob o sugestivo título de Tangentes da realidade (4 Artes). Em “O Copo de Cristal”, escrito em maio de 1964, Monteiro sub-repticiamente relata, sem esconder a indignação e revolta, o triste episódio de sua prisão pelas forças repressivas ocorrido pouco mais de um mês antes, na noite de 31 de março, horas depois de os militares terem tomado o poder. A experiência da prisão serve de coadjutor à história do artefato que permite a visão do passado e/ou do futuro – visto anteriormente em romances como O presidente negro, de Monteiro Lobato, e Viagem à aurora do mundo, de Érico Veríssimo – e entremeados à descrição, em tom intimista, dos detalhes da infância difícil, bem como da vida familiar simples e pacata ao lado da esposa Carmen (aqui chamada de Car) em Mongaguá. Tudo disfarçadamente fazendo parte de uma inocente ficção científica, típica da época, assombrada pelo pesadêlo de iminente guerra nuclear.Além de escrever os seus livros, Monteiro promovia o gênero apoiando outros escritores em sua coluna dominical Admirável mundo novo, no jornal A Tribuna, de Santos, e em 1965 criou a primeira Associação de FC do país, que reunia nomes como André Carneiro, Rubens Teixeira Scavone, Clóvis Garcia, Vladir Nader e Antonio Olinto. Na editora Globo, dirigiu a revista Magazine de ficção científica, iniciada em 1970, trazendo histórias primeiro publicadas em The magazine of fantasy & science fiction e um conto nacional por número, em contraste e dando um passo adiante a títulos como Galáxia 2000 e Cine-Lar Fantastic, que apenas traduziam contos. Muitos nomes da geração GRD apareceram ao lado de alguns novatos. A revista chegou ao seu vigésimo número em novembro de 1971, quando fechou as portas por falta de resposta comercial e pela morte de Monteiro.Até o fim de sua vida sempre procurou, mais do que simplesmente divulgar, “profissionalizar” a ficção científica, e fez isso em todas as oportunidades que se abriam e que conquistava pelo prestígio alcançado com o brilhante exercício da carreira jornalística. Muitos de seus contos (alguns de FC) foram publicados nas revistas O Cruzeiro, Fonfon, A Cigarra, Eu Sei Tudo, Lady, Globo e Vida Doméstica. Foi diretor da Gazeta Juvenil e das revistas infantis Disney, da Editora Abril, e também repórter da Assembléia Legislativa. Trabalhou para os Diários, fez parte do jornal Última Hora e a partir de 1957 passou a assinar na Folha de S. Paulo a coluna de variedades Panorama, no caderno Ilustrada, continuada após sua morte por sua filha Therezinha Monteiro Deutsch.Entre 1961 e 1969 morou em Mongaguá, local que traria as maiores alegrias e tristezas de sua vida. Em meados de 1969 morava em São Paulo e em Mongaguá, de maneira alternada. Em 6 de março de 1970 adoeceu, passando daí por diante os dias de cama, em casa ou em hospitais. Faleceu em 1º de junho, vítima de um aneurisma na aorta.*Cláudio Tsuyoshi Suenaga é Mestre em História pela UnespPublicado no Jornal do Bibliófilo, edição n° 2, maio de 2006

PARTIRÃO DE CARAPICUIBA OS PROJETEIS PARA A LUA

PARTIRÃO DE CARAPICUIBA OS PROJETEIS PARA A LUA

Fundada em São Paulo a Sociedade Interplanetaria Brasileira - Filia-se às congeneres existentes no mundo - Finalidades da novel entidade - "Quem não faz castelos no ar nunca os terá na terra", diz Jeronymo Monteiro, autor de "Três Meses no Seculo, 81" - Considerações do escritor e jornalista J. Reis
Publicado na Folha da Noite, segunda-feira, 27 de abril de 1953
Neste texto foi mantida a grafia original
Foi fundada em meados de fevereiro do corrente ano em São Paulo, a Sociedade Interplanetaria Brasileira, associação que tem por finalidade reunir homens de ciencia, escritores e pessoas direta ou indiretamente interessadas nas futuras viagens para outros planetas, com o objetivo de manter o mais a par de todo aquilo que seja feito, no mundo, no tocante às possibilidades de excursões pelo espaço sideral.A sede da entidade fica na avenida Ipiranga 1.248, conjunto 1.602. E há, também, uma sede de campo em Carapicuiba, com telescopio e tudo, onde os fundadores da novel associação se reunem, periodicamente, para debates de assuntos referentes ao futuro turismo inter-astros.
Os foguetes sairão de Carapicuiba!
A Sociedade Interplanetaria Brasileira já está entrosada com entidades congeneres de todo o mundo sendo, pois, no Brasil, a pioneira do "interplanetarismo". Seus fundadores acreditam que, se as viagens par a Lua, para Marte ou Saturno, vierem a concretizar-se, nosso pais tambem estará na vanguarda do movimento, ocasião em que tambem aqui poderemos vir a ter uma "agencia de passagens para os astros".E, desde que a bucolica Carapicuiba foi escolhida para sede de campo da Sociedade Interplanetaria Brasileira, nada mais licito que supor-se que de lá sairão, de futuro, os transportes brasileiros para a lua.
Os fundadores
São principais fundadores da Sociedade Interplanetária Brasileira os srs:Tomás Pedro Bun, brasileiro naturalizado, de origem hungara. Venceu em seu país, guando estudante, um Concurso Nacional de Fisica obtendo o segundo lugar em pareo disputado por novecentos candidatos. Desde, então se interessou vivamente pela Fisica Teorica. Depois de formado engenheiro civil pela Universidade Politecnica de Budapeste, exerceu sua profissão em vários paises europeus inclusive na Australia, Suiça, França e Alemanha, tendo transferido residencia para o Brasil, depois de guerra. É socio antigo da Sociedade Hungara de Ciencias Naturais e da Societé Astronomique de France.Zoltan Dudus, engenheiro, arquiteto, filosofo e astronomo amador.José Nicolini, estudioso de assuntos interplanetarios.Jeronimo Monteiro, escritor e jornalista.Ladislau Deutsch, entusiasta da astronomia.J.; Reis, escritor e jornalista.
Finalidades da sociedade
Assim sinteliza J.Reis as finalidades da Sociedade Interplanetaria Brasileira, que "tratará de tudo o que se refira às viagens aos outros mundos":"Cada dia que passa, maior se torna o interesse do publico, em todo o mundo, pelas viagens interplanetarias. Quando uma organização cientifica anunciou, a titulo de sondagem, a venda de bilhete para a primeira dessas aventurosas jornadas, grande foi a procura por parte daqueles que não contentes com as paisagens terrenas, desejam familiarizar-se tambem com as de outros planetas. E já não são poucas, mundo afora as associações de pessoas que gostam de discutir e estudar os assuntos ligados aos voos interplanetarios. Não há duvida que essas associações representam excelente oportunidade de divulgação cientifica. Mesmo que seus membros não entretenham ilusões quanto à possibilidade de atingir, com nossos foguetes, os mundos distantes, tantas são as ciencias que contribuem para a solução, pelo menos teorica, dos problemas de voo interplanetario (medicina, metalurgia, fisica, quimica etc.) que o simples estudo rapido desses problemas pode familiarizar o homem comum com algumas conquistas das mais notaveis, da ciencia. Este é, aliás, o interesse maior das associações interplanetarias, para não falar do puramente social, pela maior aproximação entre homens de varias profissões, de varios credos, de distintas tendencias intelectuais ."A esse sopro de interplanetarismo não poderia escapar o nosso país, e muito em particular a cidade de São Paulo, onde acaba de ser fundada a Sociedade Interplanetaria Brasileira (S.I.B.), que inscreve em suas finalidades : 1. procurar conhecer tudo quanto se relacione com a possibilidade de viagens interplanetarias e examinar os valores positivos e negativos que tal possibilidade oferecer; 2. realizar amplo programa de divulgação dos conhecimentos relacionados com esse problema, pondo em foco, de maneira muito particular, a colaboração das varias ciencias para esse fim (objetivo dos mais elevados, numa epoca de tanta especialização, em que com facilidade se perde a noção de que a ciencia, na verdade, é uma só; 3. manter intercambio com entidades congeneres; e 4.procurar interessar numero cada vez maior de pessoas nos problemas do voo interplanetario".
O interesse maior
Jeronymo Monteiro, escritor e jornalista, autor, entre outros, dos livros "interplanetarios" "Fuga Para Parte Alguma" e "Três Meses no Seculo 81", entrou para a Sociedade Interplanetaria Brasileira como ficcionista, achando que o escritor de semidocumentarios, necessita manter contacto com a vanguarda da ciencia. É Jeronimo Monteiro quem nos diz:"O interesse maior de entidades como a Associação Interplanetaria Brasileira está em desenvolver o estudo e a pesquisa em torno de varias ciencias. Se o objetivo não é alcançado, os meios são palmilhados e isto, somente isto, traz uma serie infinda de vantagens. Homens de pensamento, homens de ciencia, escritores, tecnicos, engenheiros, evitando esforços em busca de uma solução para a viagem à lua, poderão resolver muitos problemas atinentes ao transporte a jactopropulsão, nos céus deste planeta."Poder-se-ia dizer - terminou Jeronymo Monteiro - se a expressão não fosse por demais surrada, que "quem não faz castelos no ar nunca os terá em terra..."

Um pouco da história...

Fundou a Sociedade Brasileira de Ficção Científica em 1964 e, no início da década de 1970, tornou-se editor do Magazine de Ficção Científica, edição brasileira do The Magazine of Fantasy & Science Fiction estadunidense.
Na
década de 1990, a Isaac Asimov Magazine (edição brasileira da Asimov's Science Fiction) criou um "Prêmio Jerônymo Monteiro" em homenagem ao escritor.
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editar] Atuação em outros campos
Monteiro também foi o idealizador de uma das primeiras séries radiofônicas de
ação transmitidas no Brasil, As Aventuras de Dick Peter (1937), transmitidas pela Rádio Difusora (posteriormente Rádio Tupi) de São Paulo.
Trabalhou na
Editora Abril, nas décadas de 1950 e 1960. Foi o primeiro editor da revista O Pato Donald. Traduziu para o português histórias em quadrinhos de Walt Disney, inventando os nomes de personagens Disney que subsistem até hoje no Brasil, como por exemplo, Tio Patinhas e Huguinho, Zezinho e Luizinho, entre outros.

Obras
Três meses no século 81 (
1947)
A cidade perdida (
1948)
Fuga para parte alguma (
1961)